Educadora, assentada no Assentamento Pontal do Tigre.

terça-feira, 15 de maio de 2012


A HISTÓRIA DA  EDUCAÇÃO DO/NO  E PARA O CAMPO NO ESTADO DO PARANÁ.
E A PRÁXIS
DA EDUCAÇÃO EM QUERÊNCIA DO NORTE

Arquivo: Escola Camponesa M Chico Mendes.

1997
O 1º Encontro Nacional dos Educadores e Educadoras da Reforma Agrária em Canta Galo/PR, foi em preparação para o 1º ENERA (Encontro Nacional dos Educadores e Educadoras da R.A) 
1999
O 2º  Encontro com o Lema: Pôr uma Educação no Campo – Querência do Norte.
O 3º Encontro foi realizado na Lapa com o Lema, “Sem Terra uma Identidade Conquistada.
O 4º Encontro foi em Rio Bonito do Iguaçú, com lema Educação do Campo, direito nosso dever do Estado.

2005
Seminário Nacional em Luziânia GO. Com o lema: Todos e Todas Sem Terra Estudando!
Nas diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do campo. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação processo n.º 23001.000329/2001-55 parecer n.º 36/2001 colegiado CEB aprova em: 04.12.2001. e publicado resolução ENE/CEB n.º 1, de 3 de abril de 2002 foi mais uma grande conquista camponesa no Brasil.

Arquivo: Escola Camponesa M Chico Mendes


A construção histórica da pedagogia do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirma na sua trajetória sua importância, reforça as ações e reflexões dos trabalhadores, que moldam a identidade do nome sem terra com uma pedagogia que trabalha as vivências, emoções, dores, místicas, ações... e levam em debate social a proposta de um projeto popular para as escolas do campo no Brasil, buscando a democratização dos saberes cientificamente acumulados ao longo da história. O qual deve ser, vivenciado, discutindo e democratizado a todos e a todas numa construção que buscam a coletividade na organicidade da Educação que queremos.


Arquivo: Maria Edi da Silva Comilo.

Em 1984 marco inicial do MST no Brasil,e a construção histórica da Escola Rural Municipal Chico Mendes teve inicio em 1985 na fazenda Padroeira,que como todas as escolas de acampamento eram de Emergências. construídas como os barracos de lona. Nas escolas os Educadores eram dos próprios acampamentos que buscavam formação profissional e política nos cursos, levando em consideração que os compromissos dos Educadores (as) com a militância e lutas populares. O Educador (a) sendo  um mediador que busca na coletividade das organizações internas dos acampamentos trabalhar a realidade dos Educandos.

Arquivo: Maria Ieda Andriolli 

Escola de Emergência I Capanema as 72 famílias do grupo de Capanema eram meeiros, arrendatários e filhos de pequenos agricultores de Capanema Pr. Faziam parte da Associação dos sem terra, criado pelo sindicato dos Trabalhadores ligados ao Prefeito Edgar, Paulo, deputado Caíto Quintana e o ex-governador Álvaro Dias.

Arquivo: Maria Júlia da Silva


Escola de Emergência II Castro um grupo de 33 famílias de antigos ilhéus, que moravam as margens do Rio Paraná, agricultores que perderam suas terras com a construção da Usina Hidrelétrica do Itaipu. Esse grupo também ligado ao MST – Pr.
Arquivo: Maria Júlia da Silva



Escola de Emergência III – Reserva, 70 famílias do Paraná que receberam  esse nome da cidade de Reserva onde estavam acampados, antes de chegar aqui em Querência do Norte e o nome da fazenda era Criciúma devido a falta de água e as terras impróprias para o Assentamento o grupo veio para Querência do Norte.

Arquivo: Maria Júlia da Silva




Escola de Emergência IV Amaporã 40 famílias oriundos de bóias – frias que foram organizados pelo sindicato de Paranavaí acampados a beira da Estrada. Depois ao longo da caminhada romperam com sindicato e foram apoiados pela CPT (comissão Pastoral da Terra).

Arquivo: Maria Edi da Silva Comilo.


Escola Municipal 5 de dezembro – Um grupo de 86 famílias arrendatários, que pertenciam a ADECON ( associação de desenvolvimento comunitário de Querência do Norte), ligados a prefeitura. No ano que a fazenda foi ocupada o contrato de arrendamento acabou e as 86 famílias se juntaram ao MST.

Arquivo: Maria Edi da Silva Comilo.



 NUCLEAÇÃO E HISTÓRICO DA ESCOLA EM - 1995

A criação da Escola Camponesa Municipal Chico Mendes - Ensino Fundamental deu-se devido à apropriação da fazenda Pontal do Tigre por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), por volta de 1988, sendo que estes educandos eram atendidos em pequenas escolas de madeira, com as mínimas condições de funcionamento e devido ao crescente número de educandos fez-se necessário a construção de uma escola de boa qualidade. E com a construção da Escola Estadual Centrão, localizada neste assentamento, que possui 06 salas de aula, instalações sanitárias adequadas, água tratada, dependências administrativas, cozinha com equipamentos adequados ao preparo da merenda escolar, depósito de merenda e de material didático. Desta forma a Escola Camponesa Municipal Chico Mendes Educação Infantil e 1ª a 5ª série do Ensino Fundamental passou a ocupar este prédio sob forma de sessão, tendo como mantenedora a Prefeitura Municipal de Querência do Norte hoje, portanto a escola encontra-se ampliado com Biblioteca, mais sete salas de aula sendo 4 provisórias e de uso coletivo nas atividades extra-escolares, um barracão doado pela própria comunidade de uso artístico eventos esses promovidos pelas escolas, grupo de jovens, associação de mulheres, assembléias com a comunidade, núcleos de base, recreação e outros. Com a preocupação e interesse dos pais em relação ao aprendizado dos seus filhos, houve grande procura dos mesmos ocasionando assim abertura de mais três turmas no decorrente ano. Todas as reformas possíveis, mudanças ou projeção futuras são estudadas por todos os membros da comunidade escolar e geral, respeitando sempre o que for decidido e aprovado pela assembléia geral. Esta denominação “Chico Mendes” se deu em homenagem ao cidadão, Francisco Alves Mendes, líder seringueiro, sindicalista e ecologista. Nasceu em 1944, ficou conhecido pelas denúncias que fez contra a destruição da Amazônia. E teve seu nome escolhido para dar nome a esta escola pela comunidade local por partilhar de sua ideologia, sendo uma comunidade exclusivamente camponesa e por defenderem o direito a terra e a natureza. A comunidade se identifica com este grande herói que para eles é um mártir de grande honra e luta camponesa.
Esta escola faz - se presente nas comemorações tradicionais dando atenção especial à semana da Criança onde é comemorado com muita reflexão o seu papel de futuros cidadãos e com festividades como gincanas, torneios e brincadeiras sempre enfocando a vivência alternativa trabalhando sempre a história dos educandos ou das educandas para que estes não percam sua identidade e seu papel social na sociedade como filhos de camponeses e camponeses que acreditam nos avanços e nas tecnologias também no campo. A comunidade tem várias outras comemorações significativas como a semana nacional da família na escola sempre enfocando a participação ativa dos companheiros e companheiras nas atividades escolares e a sua responsabilidade na construção de uma nova escola com um novo projeto de um novo homem e de uma nova mulher, trabalham-se a semana do meio ambiente, e a importância do ambiente em que vivemos e  onde viverão as futuras gerações. Trabalha-se também os Movimentos Sociais sua importância e suas relações com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), semanas de lutas, jornadas, datas comemorativas dos assentamentos, ocupações, datas de emissões de posse, padroeiros das comunidades assentadas e acampadas, histórico de cada grupo, religiões, cultura de cada grupo, nucleação, Projetos orgânicos, hortas, ervas medicinais, importância das sementes, identidade de cada educando ou educanda e outros projetos que são importantes a comunidade.


 foto da Escola Camponesa Municipal Chico Mendes em 2004             (Ampliada) 

Em 2008 a Escola Rural Municipal Chico Mendes, contem autorização para  mudar a nomenclatura alterando o nome da escola. Passando a mesma a ser Chamada de Escola Camponesa Municipal Chico Mendes.


  



Por que Chico Mendes?

 Francisco Alves Mendes Filho,“Chico Mendes” foi líder seringueiro, sindicalista e ecologista. Nasceu no ano de 1944 e foi assassinado no ano de 1988. Chico Mendes era um defensor da natureza, tornou-se mundialmente conhecido pelas denúncias que fez à destruição da Floresta Amazônica. O líder sindicalista, Chico Mendes entrou na política sindical nos anos 60 e na década de 70, inventa os “EMPATES”, estratégia não-violenta de defesa ao meio ambiente que consiste na resistência pacífica contra o desmatamento. Em 1985, participa da fundação do Conselho Nacional de Seringueiros. Em 1987 Chico vai aos Estados Unidos para receber o prêmio Global 500 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Por várias vezes, Chico Mendes denunciou a destruição desordenada da Floresta Amazônia e denunciou também a violência promovida pelos fazendeiros locais a trabalhadores rurais do Acre nos seringais. Além disso, Chico Mendes orientava os moradores, trabalhadores seringueiros do Xapuri a não vender suas reservas de seringais aos fazendeiros principalmente para Darli, que comprava muitas reservas e depois explorava os seringueiros locais. Com isso Chico Mendes conseguiu um perigoso inimigo, Darli Alves da Silva Pereira que certamente pensou que matando Chico Mendes resolveria tais problemas, mas Chico Mendes já havia jogado várias sementes em solos férteis.
Chico Mendes recebeu várias ameaças de morte, ele disse várias vezes à polícia que Darli o mataria logo. Andava protegido por policiais como segurança, mas não adiantou porque no dia 21 de Dezembro de 1988, quando saí na porta de sua casa recebe um tiro no peito e morre assassinado por um pistoleiro, certamente a mando de Darli e seu filho Darci.
Presos como autores do crime o fazendeiro Darli Alves Pereira e seu filho Darci fogem da penitenciaria do Acre em 1994.
1998 é o ano Chico Mendes na região do Xapuri no Estado do Acre. Para não esquecer que assim como Chico Mendes, muitos outros trabalhadores, pais de famílias tombaram na luta pela vida, pela preservação do meio ambiente, pela garantia de trabalho, melhoria de vida e pela questão da terra.
Chico Mendes representou a classe simples, humilde e trabalhadora, foi um defensor da natureza porque dela, muitos tiram o seu sustento, e também sempre defendeu os pobres explorados pela elite.               
Por não ser um homem rico, Chico Mendes não teve o direito de proteção segura que não lhe garantiu um dos direitos mais simples do cidadão “VIVER”.










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